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2 de dez. de 2014

O que ficou da “Mesa Afrobiopolítica: O Povo de Terreiro na Esfera Pública Brasileira” ?


Tata Nkosi Nambá e Olumide Betinho, com a mediação de Maria Inês Barbosa protagonizaram uma discussão que tem reverberado em todo nosso encontro. Maria Inês a partir do símbolo SANKOFA nos lembra que a relação do eu individual e coletivo, se volta ao passado, mas no passado já está o novo, ou seja a tradição está e deve ser a base para novos construções e das relações que queremos ter, inclusive com Estado (nação, moderno, ocidental e branco).
 

Esta forma de Estado (de ser) nasceu racista e exerce o biopoder sobre nossos corpos, nosso cotidiano, sobre nossas vidas. Tata Nkosi Nambá argumenta que o biopoder do Estado está no “fazer viver e deixar morrer”, não a toa os que se deixa morrer são os jovens negros. Esse poder estatal está nas práticas biomédicas, da medicina social, nos processos de higienização nos centros urbanos, nas políticas sanitárias dentre outras. Neste contexto o Tata nos pergunta como pensar uma afrobiopolítica que seja a resistência da tradição de Matriz Africana?

Para Tata, nossa organização de mundo se centra na família, na família extensa, na família coletiva e não a partir de uma lógica mercantil-capitalística. A questão é como mantermos afastados dessa lógica que desagrega? Que entendemos que todos fazemos parte de uma mesma família, grande e diversa.

A construção de uma afrobiopolítica, ou seja, colocarmos nossos valores no mundo, é uma formulação que parte de um coletivo para outro coletivo. Segundo Olumide, parte do povo de terreiro para a sociedade brasileira mais ampla. As prerrogativas civilizatórias da matriz africana deve servir de modelo, de base, para a construção de uma nova sociedade, de novas relações em oposição ao projeto capitalista-ocidental.
 

Por fim, Maria Inês Barbosa, assim como Ogan José Marmo havia feito na abertura, nos lembra que estamos vivenciando um momento crucial que exige a necessidade de nos posicionarmos politicamente enquanto matriz africana. Estamos diante de um novo governo, estamos na década Africana para ONU, estamos em plena construção da Agenda pós-2015, dentro outras demandas que estão na pauta atual.