Tata Nkosi Nambá e Olumide Betinho, com a mediação de Maria
Inês Barbosa protagonizaram uma discussão que tem reverberado em todo nosso
encontro. Maria Inês a partir do símbolo SANKOFA nos lembra que a relação do eu
individual e coletivo, se volta ao passado, mas no passado já está o novo, ou
seja a tradição está e deve ser a base para novos construções e das relações
que queremos ter, inclusive com Estado (nação, moderno, ocidental e branco).
Esta forma de Estado (de ser) nasceu racista e exerce o
biopoder sobre nossos corpos, nosso cotidiano, sobre nossas vidas. Tata Nkosi
Nambá argumenta que o biopoder do Estado está no “fazer viver e deixar morrer”,
não a toa os que se deixa morrer são os jovens negros. Esse poder estatal está
nas práticas biomédicas, da medicina social, nos processos de higienização nos
centros urbanos, nas políticas sanitárias dentre outras. Neste contexto o Tata
nos pergunta como pensar uma afrobiopolítica que seja a resistência da tradição
de Matriz Africana?
Para Tata, nossa organização de mundo se centra na família,
na família extensa, na família coletiva e não a partir de uma lógica mercantil-capitalística.
A questão é como mantermos afastados dessa lógica que desagrega? Que entendemos
que todos fazemos parte de uma mesma família, grande e diversa.
A construção de uma afrobiopolítica, ou seja, colocarmos
nossos valores no mundo, é uma formulação que parte de um coletivo para outro
coletivo. Segundo Olumide, parte do povo de terreiro para a sociedade
brasileira mais ampla. As prerrogativas civilizatórias da matriz africana deve
servir de modelo, de base, para a construção de uma nova sociedade, de novas
relações em oposição ao projeto capitalista-ocidental.
Por fim, Maria Inês Barbosa, assim como Ogan José Marmo
havia feito na abertura, nos lembra que estamos vivenciando um momento crucial que
exige a necessidade de nos posicionarmos politicamente enquanto matriz
africana. Estamos diante de um novo governo, estamos na década Africana para
ONU, estamos em plena construção da Agenda pós-2015, dentro outras demandas que
estão na pauta atual.