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17 de mar. de 2011

Pluralidade excludente (Conselhão do RS)

Em meios aos pressupostos da democracia e da pluralidade, verificam-se contradições inconcebíveis como no caso do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, mais conhecido como Conselhão instalado pelo Governador Tarso Genro (ZH, 16/3/2011, p. 14 e 18).

Na composição do conselho com seus 90 integrantes a pluralidade religiosa e teológica não foi na perspectiva de uma democracia radicalmente participativa respeitada, e, por conseguinte, a história conservadora se repete reificando à hegemonia das tradições judaica cristã em detrimento das demais tradições, especialmente da de matriz africana, em que as comunidades terreiras funcionam como lócus de ações sociais e políticas em prol da cidadania dos afrodescendente como dos pobres em geral das periferias das cidades do Estado do Rio Grande do Sul, como igualmente acontece em todo o país.

A conclusão é a de que fatos como estes e tantos outros invariavelmente recorrentes, têm acabado por direta ou indiretamente corroborar com os alicerces do racismo e da intolerância religiosa que grassa no Brasil.

Os ditames da democracia burguesa que insiste em persistir nas antigas colônias européias procedendo sob os auspícios da colonialidade que tem corporificado as relações de poder na parte Sul do mundo devem converter-se na dinâmica da xenofilia, fundamento ontológico que se inscreve no complexo axiológico, teológico e filosófico da visão de mundo negro-africano e/ou afrodescendente, em que a Alteridade é radical e incondicionalmente incluída, pois não concebe a xenofobia sob nenhuma hipótese.

Jayro Pereira de Jesus (Ògiyán Kalafor Olorode)
Teólogo da Religião Afro – Porto Alegre (RS)
teologiaafro@yahoo.com.br
Consultor Teológico da Comunidade Terreira Ilê Axé Yemonjá Omi Olodo