Unidos Seremos Fortes!
Mais uma vez o Povo do Àse Afro-Gaúcho se levanta para defender seus direitos e denunciar as atrocidades perpetradas sobre uma fé milenar e exigir respeito. Já há muito tempo intolerância religiosa é pauta em todo o território nacional. Desrespeitos têm sido cometidos em defesa de uma fé discriminadora, irracional e racista professada pelos segmentos Neopentecostais e, sobretudo, pela da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus) Brasil afora, com o aval dos governos em todas as esferas. Desde 2003 discutimos a sacralização de animais em templos de Religião de Matriz Africana em virtude de Lei proposta por um Deputado evangélico na Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul. Conseguimos modificar tal Lei, excetuando da mesma os cultos e liturgias das Religiões de Matriz Africana. Defensores de animais insuflados por evangélicos entraram com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) e na esfera estadual perderam. A lei desde então está no Supremo Tribunal Federal nas Mãos do Ministro Marco Aurélio Mello aguardando ainda um julgamento. Oito anos se passaram! A partir daí, enfrentamos mais lutas na esfera municipal envolvendo castração, e esterilização de animais, bem como enquadrando práticas religiosas como agentes de poluição, tentando imputar multas a quem fosse pegos fazendo oferendas para as divindades. Conseguimos vencer!
Atualmente, estamos em plena batalha contra este racismo e intolerância religiosa. Votamos na Assembleia Legislativa do Estado do RS o Estatuto da Igualdade Racial de âmbito estadual proposto pelo Deputado Estadual Raul Carrion, mais uma vez a bancada evangélica dá o seu “pitaco” tentando desconstituir tudo que trata de Religião de Matriz Africana, a exemplo do que ocorreu com o Estatuto em âmbito Nacional. Precisamos retomar esta pauta, este não é o Estatuto que queremos com vetos e discriminações. O que queremos garante a justiça e igualdade de Direitos.
Intolerância no Brasil
Na Bahia, cidade de Ilhéus, no Quilombo Dom Helder Câmara, mais uma Iyalorisa é desrespeitada pela Polícia Bahiana, Bernadete Souza Ferreira dos Santos, de Oxossi, foi agredida manifestada no seu Orisa, arrastada pelos cabelos e colocada num formigueiro como nos tempos do Brasil Colônia, sob palavras proferidas pelos policias dizendo que matariam o demônio. Até a data de hoje só quem esta sendo processada é a Iyalorisa por desacato a autoridade.
Na Cidade de São Lourenço no RS, Iyalorisa Clara de Iansã do Ile Associação Africanista Oiya Niké e Caboclo Rompe Mato vinha sofrendo perseguição da Policia há dois anos, com apreensão de animais, ameaças de invasão do Terreiro pela policia e prisão da Iyalorisa e tamboreiros, apedrejamentos e ameaça de fechamento das portas do Terreiro.
No Bairro IAPI em Porto Alegre, o Babalorixa Pai Cláudio de Sango é perseguido. Toda a vez que toca, tem sua casa apedrejada e diversas reclamações de barulho. No outro dia tem que providenciar a troca de seu telhado que fica totalmente destruído. Não faz a denuncia por temer mais represálias, já que se avizinha a ele um Juiz.
Em 2010, a Secretária de Saúde do Estado do RS Dra. Arita Bergmam suspende o I Seminário Estadual - A Produção de Saúde e o Combate ao HIV-AIDS pelos Terreiros, organizado pelo Núcleo RS da Rede Nacional de Religião Afro e Saúde, num flagrante ato de Intolerância Religiosa, acatando uma denuncia de que o Seminário estaria sendo utilizado para campanhas eleitoreiras pelo seu coordenador Baba Diba de Iyemonja. Foi registrado um Boletim de Ocorrência, feita uma denuncia no Ministério Publico e nada aconteceu. O inquérito policial não avança!
Ainda em 2010, o apresentador de TV Bibo Nunes impede Baba Diba de participar de seu programa de entrevistas, mesmo a entrevista tendo sido agendada pela produção do Programa. Também foi registrado o Boletim de Ocorrência e feita denuncia ao Ministério Público. Bibo Nunes foi chamado por três vezes pelo Ministério Público e não compareceu, não sofrendo nenhuma penalidade. A pergunta é: Se fosse o Babalorixa o transgressor convocado a dar esclarecimentos e não comparece, o que aconteceria?
Na Cidade Piracicaba, em São Paulo, um Vereador evangélico propõe uma Lei que tenta proibir a sacralização de animais nos terreiros, provocando mobilização dos Terreiros da Cidade e do Brasil, acabando após muitas conversações o Projeto sendo vetado pelo Prefeito.
Ainda em 2010, o regime que tomou conta das eleições foi a teocracia. A Presidente eleita Dilma Russef teve que enfrentar um legitimo processo digno da Santa Inquisição, quando foi execrada ao manifestar sua posição sobre o aborto. Este processo acabou barrando o Plano Nacional de Combate a Intolerância Religiosa que tramitava em Brasilia e deveria ter sido assinado inicio do ano. Porém a concordata com o Vaticano e com evangélicos foram celebradas. Onde está a igualdade e a liberdade?
Já em 2011, o Reveillon teve um gosto amargo para os filhos e filhas da casa de axé Ilê Axé Iji Omin Toloyá, localizada em Areias, Camaçari, município componente da Região Metropolitana de Salvador (RMS). Armado com um porrete, um evangélico invadiu o lugar e destruiu artefatos religiosos de valor inestimável. Acuado dentro de casa, onde se refugiou, o Babalorixá José Livramento Júnior chamou a polícia, que deteve o agressor. Porém, enquanto a viatura estava a caminho, o estrago foi grande. Após ter destruído a casa dos santos, lugares dedicados a preces e rituais, Gilton avançou furioso sobre um veículo Gol, de propriedade do Babalorixá. Em seguida, destruiu completamente uma máquina de lavar, que ficava numa lavanderia fora da casa.Após lançar sua fúria sobre bens simbólicos e materiais, o rapaz tentou invadir a casa de Livramento, tentando arrombar a porta. De acordo com relatos do pai de santo, ele gritava que teria vindo salvar as pessoas do ‘inimigo’.
Mobilização e Vigília
Precisamos estar vinte e quatro horas por dia atentos, pois a todo o momento podem surgir novas leis e ataques ao Povo Afro Religioso, pois inclusive agressões físicas tem sido cometidas. Se não tomarmos uma atitude, o Brasil se tornará em um novo Afeganistão. Por isso, no dia Vinte e Um de Janeiro de 2011, TODOS devemos ocupar as Ruas da Capital do Rio Grande do Sul e protestar contra o ódio religioso e o processo de endemonização engendrado pelos Neo Pentecostais a uma Religião Milenar de um Povo que construiu este País.
Vamos neste dia com nossos Torsos e Ojás (pano branco que cobre o Ori) ocupar as Ruas de Porto Alegre, provocando um verdadeiro mar de Ojás dando boas vindas ao Ano de Osun!
A Marcha sairá do Largo Glênio Peres, onde será feita uma saudação ao Bará do Mercado, ganhará a Borges de Medeiros até o Largo Zumbi, onde será feita uma grande roda, denunciando a ausência de uma ação do poder publico que potencialize aquele território sagrado como espaço e patrimônio do Povo Negro Gaúcho com estrutura e preservação de nossa memória e tradição, e dali seguiremos até a Volta do Gasômetro onde faremos uma saudação aos Orixás outra grande roda, onde será entregue um presente aos Orixás das águas.
“Se não Lutar não Muda” (Saudoso José Alves Bittencourt, o Lua)
“Unidos, seremos fortes”
“Quem tem Ori, não baixa a cabeça”
“Um mundo com tolerância é possível”
Comissão Organizadora da III Marcha pela vida e Liberdade Religiosa
RENAFROSAUDE-RS,CEDRAB-RS, FORMA-RS, COORDENADORIA ECUMENICA DE SERVIÇO – CESE SALVADOR/BA, CODENE-RS, CECUNE-RS, MARIA MULHER-RS, YAHYA PRODUÇÕES ARTISTICAS, AFRICANAMENTE, ILE AXE IYEMONJA OMIOLODO, CONCAUGRA-RS, UNIAXES, CEUCAB-RS, EGBE ORUN AIYE-RS, AKANNI – ORGANIZAÇÃO DE MULHERES NEGRAS, MNU-RS, PROJETO MOCAMBO-RS, MOVIMENTO QUILOMBISTA-RS, IACOREQ, UNEGRO-RS, MOPS-RS, SINDISERF-RS, SINDISPREV-RS, CEPPIR-GHC, COORDENADORIA MUNICIPAL DO POVO NEGRO
