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30 de nov. de 2014

Mojubá, Kolofé, Motumbá, Mukuiu, Saravá,


Neste final de domingo foi iniciado o processo de discussão, aprendizado e construção da afrobioética do III Didá-Ará: Encontro Nacional de Tradições de Matriz Africana e Saúde. No primeiro momento de acolhimento o Coordenador da RENAFRO-RS, Baba Diba de Iyemonja, recebeu os participantes saudando aos Órisàs.

A edição 2014 do Didá-Ará tem como objetivo dar continuidade ao debate da afrobioética partindo do acumulo desenvolvido pelos encontros anteriores e buscando discutir ou aprofundar o complexo que constitui este tema. As construções éticas e epistemológicas que a Tradição de Matriz Africana tem desenvolvido nos Didá-Ará,  já reverbera na construção de políticas públicas de saúde, embora ainda seja um grande desafio ultrapassar as barreiras construídas pela concepção de ser-estar humano ocidental, bem como do racismo que permeia as instituições fruto de uma sociedade racista.
Sobre estas questões falam os acolhedores da noite, Olori Obá (Miriam Alves), Coordenadora Estadual da Política Integral da Saúde da População Negra, da Secretaria Estadual de Saúde do Estado do Rio Grande do Sul e Rui Leandro representante do Ministério da Saúde.

Olori Obá, além de divulgar as cinco ações que vem sendo desenvolvidas no âmbito da Política Integral da Saúde da População Negra no RS, explicou que a estruturação da política está assentada na matriz epistemológica da afrocentricidade , que tem como princípio a conscientização sobre a agência dos povos africanos  (ou de matriz africana). A partir disso Olori Obá reforçou a importância do Didá Ará e da presença da Tradição de Matriz Africana para a concretização da Política Integral de Saúde da População Negra e para de fato a integralidade do Sistema Único de Saúde.

Rui Leandro, do Ministério da Saúde, narrou a trajetória de percalços até a realização da Campanha contra o racismo no SUS, que recebeu o slogam: “Racismo faz mal. Denuncie!”. A campanha divulga dados, tais como: que a consulta de uma mulher branca dura mais tempo que de uma mulher negra; a mortalidade entre parturientes negras é 26% maior do que em mulheres brancas;  a mortalidade de recebem nascidos é 11% maior entre filhos de pais negros. O argumento da Campanha é que estes dados são o reflexo do racismo institucional vivenciado pela população negra nos serviços de saúde. Lançada dia 25 de novembro, a Campanha já tem bastante aderência, mas também já recebeu críticas, inclusive institucionalizadas, como a da Classe Médica. Rui Leandro então nos convida a fazer parte desta campanha fundamental a quem entende que o racismo faz mal à saúde e a sociedade.

O Didá Ará já começou, nesta segunda-feira esperamos todos para Saudação ao Bará do Mercado e entrega do presente das águas, que inicia às 8h no Mercado Publico - ou as 7h30 sairá um ônibus aos que estão hospedados nos hotéis. E abriremos caminho ao protagonismo de Iyás, Babás, Makotas, Tatas, Caciques e suas boas e belas palavras.