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29 de nov. de 2010

Conversa Afiada: Terreiros e a estratégia de Saúde da Familia

A proposta do CONVERSA AFIADA foi de aproximar os agentes e trabalhadores de saúde à população de Terreiro, colocar numa roda de conversa as dificuldades, estranhamentos e razões das relações não serem tão eficazes no combate à desassistência à população negra.


Baba Dyba, idealizador e anfitriação da atividade abriu a conversa apresentando o Ilê e as atividades, mostrando que o espaço de terreiro é de promoção de saúde, de cultura, conhecimento e agregação.

Luiza, representante da Gerência de Saúde Partenon, falou de sua satisfação em estar no evento, da necessidade de vários parceiros para estar fazendo esta conversa de expansão do trabalho, a troca importante que se dará entre ambos, à partir deste primeiro movimento , d a importância deste espaço para se avançar sobre os índices epidemiológicos da raça negra. Explica que a área que trabalha, a área do Partenon e Lomba, vê esta necessidade de tratar sobre os negros e que esta região é constituída na maioria de negros. Referiu-se aos grupos vulneráveis como crianças, idosos, deficientes, travestis e mulheres, sendo negros representam maiores agravos. Insiste para que a população acesse sua unidade básica, por que lá será atendido, que a idéia é de poder fazer este acompanhamento em conjunto dando um retorno ao controle social, que todos podemos cooperar e fiscalizar as ações de saúde. Falou sobre a necessidade de cooperar uns com os outros para que possamos em um futuro próximo desenvolver estratégias que possam nos levar a um resultado positivo.

Elaine Soares – Coordenadora de Políticas Municipais de Saúde da População Negra, contou sua trajetória de vida, sobre a ancestralidade familiar e a construção do Movimento Negro. Salientou sobre a importância em saber sobre a morte evitável de crianças e mulheres negras nesta construção, estando a Secretaria no evento para saber mais sobre o trabalho, que o terreiro fortalece como um espaço de saúde, e como Sistema de Saúde devemos estar nestes espaços.

Vitor – Agente de Saúde, relata que o verdadeiro problema é o racismo, que existe a tentativa de destruir a população negra e que acabou a escravidão explicita e continua a escravidão oculta.

depois destes primeiros depoimentos, houveram muitas perguntas sobre as práticas religiosas e a saúde, enfim, dúvidas pessoais e curiosidades de trabalho que foram soltando o público e tornando a conversa afiada.

Antes da finalização do encontro, foi servido um Ageum, comidas usuais de Terreiro: Chá, Frutas e bolo de milho.

Para finalizar a conversa foram dados so seguintes encaminhamentos:

Encaminhamentos:

Baba Dyba – que a roda de conversa foi proposta com o intuito de uma parceria com as UBS’s, colocou o Terreiro à disposição e que podemos fazer uma troca de saberes.

Ola Leke – Sugere que se possa ter formação dos agentes de saúde quanto a Saúde da População Negra, Racismo, Racismo Institucional e a Religião de Matriz Africana vista a partir de um espaço de saúde, tanto quanto a relação entre SUS e terreiros. Oferecendo inclusive o espaço de Terreiro para isso e as pessoas capacitadas pelo movimento presentes na conversa.

Luiza – Conclui que estamos iniciando um processo, uma caminhada. Sabe que o acolhimento tem seus problemas, que devemos nos aproximar mais, partilhar informação e comunicação, pensar ações combinadas nos espaços, capacitações em conjunto, propõe que a RENAFRO SAÚDE RS participe no GT de Humanização.

Jenifer – Psicóloga das Unidades Básicas de Saúde, sugere uma parceria entre a Psicologia e a religião de Matriz Africana para que se possa ter um maior esclarecimento quanto a transtornos mentais e manifestações religiosas.

Após os encaminhamentos, acatados por todos foi realizada uma apresentação das Danças dos orixás do Projeto Ori Inú Erê, que emocionou os participantes.
Veja aqui algumas fotos: